FLAVIO POESIAS E VIDA

FLÁVIO POESIAS E VIDA

sábado, 6 de agosto de 2011

MENINO PRODIGIO


 


omenin

prodigio

                        Era uma família tradicional. A riqueza que existia, passava de pai para filhos nas gerações que continuavam a administrar os negócios.  
                        Carlos era um filho de outra geração. Um menino de cor morena. Seus cabelos eram pretos e lisos. Seus olhos castanhos sempre brilhavam como o sol. Apresentava um corpo perfeito. Desde criança ja fazia uma imagem de adulto.
                        Na escola era sempre o primeiro lugar. Tinha apenas dez anos. Falava muitas vezes com postura de adulto.
                        Seu pai colocou ele já bem cedo, desde os seis anos a viver nos negócios da família. Os vizinhos comentavam admirados dele já ser parecido com um adulto na sua postura e educação.  
                        Aos dez anos já usava paletó e gravata. Tinha o hábito de andar sempre com uma pasta debaixo dos braços. Era mesmo um menino prodígio da família e orgulho dos seus pais.
                        Já resolvia alguns serviços de bancos pra depositar dinheiros, pagar dívidas e outros serviços que seu pai já o fazia viver a frente tão cedo na vida. Mas ele gostava...
                        Todos os dias quando Carlos saia com seu pai para a fábrica, olhava seus amigos brincando na rua. Uns jogavam bolas. As meninas brincavam de bonecas. Outros trocavam figurinhas.
                        Ele pouco se importava com seus amigos e gostava de estar vivendo junto com o seu pai. Não assistia sequer um desenho na televisão. Apreciava muito os programas que o assunto era de empresas e negócios.
                        Realmente, era uma criança prodígio que todos admiravam sua postura de adulto.
                        O tempo foi passando...
                        Carlos foi crescendo e cada vez mais assumindo os negócios da família.
                        Já aos vinte e dois anos estava formado na universidade. Todos seus anos de estudos sempre foi o destaque em primeiro lugar da turma. Na formatura, foi o orador da turma.
                        Seus pais cada vez mais se orgulhavam do que Carlos fazia que em certos momentos, os surpreendia de tão inteligente que ele era...
                        Elvira o conheceu aos dezoito anos. Com o tempo o amor uniu os dois. Carlos era uma pessoa às vezes calada em determinados assuntos. Apenas quando se falava de negócios, Carlos mostrava apetite devorador de interesse em querer aprender e também mostrar os seus conhecimentos.
                        Aos vinte e oito anos, Carlos casou com esta sua única namorada Elvira.                 
                        Elvira sabia entender Carlos e cultivava aprender os negócios também. Ela o admirava na sua inteligência e esperteza em resolver problemas que muitas vezes pareciam até não ter soluções.
                        Carlos e Elvira tinham uma vida conjugal feliz. Existia muito amor e compreensão. Era mesmo um casal completo que nada faltava.
                        Seu pai, dois anos depois de seu casamento faleceu. Carlos assumiu a presidência da fábrica em definitivo. Era o líder que sabia fazer a família financeiramente prosperar.
                        Carlos um dia quando saia de casa para o trabalho de paletó, gravata e com sua pasta, por alguns segundos o tempo parou e Carlos voltou a olhar as crianças que brincavam nas ruas. Lembrou de sua infância que já dedicava somente aos negócios e recordou que achava ser tempo perdido ficar assim brincando. Tudo para ele tinha que ser no futuro os seus objetivos e queria rapidamente tudo aprender.
                        Este era seu mundo...
                        Esta era a sua vida e maneira de viver...
                        Elvira, sempre era o seu “braço direito” na direção da empresa e só ajudava Carlos ter mais confiança e certeza nas decisões finais. Ele escutava sua esposa e muitas vezes ela o fazia crescer profissionalmente com os seus conhecimentos...
                        Um dia, depois de passarem à manhã, como de hábito na presidência da fabrica, saíram para almoçarem juntos como era de rotina.
                        Elvira notava Carlos um pouco diferente naquele dia, mas deixou-o a vontade esperando ele comentar com ela o que o estava preocupando para seu comportamento tão diferente, como ela nunca o tinha visto.
                        Voltaram após o almoço para a fábrica. Tinha muitos trabalhos pendentes para resolverem.
                        Em determinado momento, Carlos, saiu pela primeira vez sem nada dizer a Elvira o que ele pretendia fazer, como sempre era seu relacionamento, bem como ela também o avisava quando saia.
                        Estava diferente demais e Elvira continuava apreensiva, mas achava melhor nada perguntar. Sabia que devia algo estar errado e ela acreditava de Carlos falar o porque de estar diferente. 
                        Passaram mais de uma hora e nada de Carlos aparecer.
                        Elvira já estava nervosa sem nada entender... 
                        Ligou para o celular de Carlos que não respondia. Ligou para alguns clientes que Carlos sempre os visitava e nada de encontrar. Ficou mais nervosa, pois já a mais de três horas não havia Carlos retornado.
                        De repente, Elvira já no desespero pessoal, sem deixar nada transparecer, lembrou que era preciso naquela tarde ir a sua casa para apanhar uns documentos que havia esquecido.
                        Achou então que seria melhor ir a sua casa logo isto resolver, mas continuava apreensiva sobre seu marido tentando entender o que estava acontecendo que ele estava assim procedendo.
                        No caminho, achou de ligar até para os hospitais e a policia, tentando encontrar seu marido. Já pensava até o pior ter ocorrido.
                        Ela confiava em Carlos e sabia que ele era fiel a ela. Estava preocupada se ele fosse até seqüestrado já com os pensamentos sem encontrar solução.
                        Ligou para o celular do Carlos novamente e não obteve resposta.
                        Estava mesmo preocupada sem saber mais o que fazer...
                        Era preciso sair e ver ruas, gentes, praças, carros... Aquela falsa “prisão” pela primeira vez a incomodava.
                        Foi então que lembrou que o documento que iria trazer de sua casa, poderia adiar se quisesse, pois teve uma idéia de uma solução para assim fazer...
                        Como já estava a caminho de sua casa, achou melhor continuar...
                        Quando chegou e entrou com seu carro no portão automático viu o jardim da casa diferente. Havia estátuas da Branca de Neve e os sete anões, leões, aves e outros animais espalhados pela grama.
                        Era então surpresas que seu marido estava querendo fazer... Ela sorriu e ficou tranqüila...
                        Quando abriu a porta de sua casa, estranhou cartazes nas paredes com desenhos e pinturas que Carlos havia feito quando esteve no jardim de infância e os guardava com carinho.
                        Escutou um som estranho próximo do seu quarto. Ficou novamente apreensiva, pois a casa estava vazia... Pensou chamar a policia achando ter um ladrão, mas preferiu arriscar...
                        Subiu as escadas da casa e rapidamente se dirigiu para a porta do seu quarto de onde surgia aquele estranho som.
                        Bem devagar, abriu com cuidado a porta sem fazer barulho e olhou o que estava acontecendo ali dentro.
                        Era o seu marido Carlos que estava sentado no chão sem gravata e sapatos, brincando com um trem elétrico enorme que cobria todo espaço do quarto. Carlos tinha uma expressão de uma  grande felicidade como Elvira nunca tinha visto... 
                        Elvira olhava estampado nas feições de Carlos toda esta felicidade...
                        Não foi preciso nada dizer...  
                       Suas lágrimas lentamente de alegrias desciam...
                       Elvira sem fazer barulho fechou novamente à porta do seu quarto bem devagar e retornou ao tempo.
                       Não voltou ao trabalho, mas  ficou horas caminhando nas ruas. Sentou numa praça olhando o lago e as aves, sabendo que o seu marido Carlos havia curado uma grande “ferida da sua infância”...
                       Uma infância que não tinha vivido...

       

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